Na escola descobrimos a falta: “Eu quero a minha mãe!”, quando então o carinho incansável daquele anjo se escassa entre os jogos de quem se dispõe a brincar de mundo com outros poucos que nem de mundo se saciam. Mãe descobre, enquanto nos cobre ainda em fim de dia, que agora aquela proximidade é um vai-se-indo, nos avessos dessa vida que tem compromisso com o tempo-de-não-ser-criança. Não diz que sim, mas já queria o nosso destino traçado, bem sucedido, ungido em óleo santo, para o menos e para o tanto. Mãe é aquela que resgata.
Na juventude, confessamos nossa indignação com tanto cerco: “Eu que me perca!”. Ela sofrendo baixinho, na prece retornada em cada imagem que o noticiário desavisa sobre o filho. A chave que roça a fechadura, o rangido de porta, o atrito de roupa-na-roupa e o passo-de-noite-acordada que finge essa paz que toda a casa parece guardar. Nosso ancoradouro tem sempre uma luz quando nossa juventude escurece pelas madrugadas incertas.Senhores, senhoras, profissionais dessas belas artes e daquelas ciências duras, ousamos dizer “Mãe, é claro que entendemos o teu orgulho!”. Nos fins-de-semana, pois certo; no reparo da mesa ainda posta como sempre, no prato preferido, no doce mais doce, jogados depois no sofá de onde se escuta a torneira contra a louça. Toda a sujeira parece escoar pelo ralo. O orgulho é feito de mãe.
Mãe. Antes já eu sabia que és a fonte de minha eterna juventude – “És a minha criança”, dizes. E eu aceito. Porque depois de tão pouco ainda devo uma satisfação; fui eu que esqueci, mãe: tu és aquela que não nos quer envelhecidos.
Simplesmente maravilhoso, de uma sensibilidade que só você é capaz.
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